Presença das crianças em sala de aula

ES: Contato direto com as famílias pode garantir a presença das crianças em sala de aula

Caso o aluno falte mais de cinco dias consecutivos sem justificativa, a família é acionada para saber o que houve. Se a família não resolver, são procurados os conselhos tutelares e o Ministério Público

Facilitar o trajeto para a escola é uma das medidas que tem ajudado a diminuir a evasão escolar na Grande Vitória. O índice de evasão caiu de 17% para 15% de 2007 para 2008, o equivalente a oito mil alunos, num universo de 52 mil.

A subsecretária estadual de Educação, Adriana Sperandio, acredita que é uma queda significativa e mostra que aos poucos o governo está conseguindo tornar a escola mais atraente. No estado a queda foi menor, mas também importante, destaca Sperandio. Em 2007, do total de 112.873 alunos, 16.908 abandonaram a escola, uma taxa de evasão de 14.96%. Já no ano passado, a taxa caiu para 13,67%, o equivalente a 15.529 alunos de um total de 113.609.

Para a subsecretária, outros programas também colaboraram para essa redução. “Estamos implementando mudanças na metodologia das aulas, além de incluir novas tecnologias. Além disso, há uma política dentro das escolas para acompanhar as faltas e sempre procuramos o aluno para saber o porquê de suas faltas. Depois disso, a família é procurada, e caso não resolva, procuramos o Ministério Público para que a família se comprometa a garantir a presença do aluno”, explica. No ensino fundamental, o hábito de matar aula é menos comum e as taxas de evasão escolar mais baixas. Isso principalmente porque é obrigatório, por lei, que toda criança esteja matriculada na escola nessa faixa etária.

Para o secretário de Educação de Vila Velha, Heliosandro Mattos, o acompanhamento é muito importante para manter essa realidade. Com uma taxa de evasão de 2% em 2008, as escolas do município apostam no contato direto com as famílias para garantir a presença das crianças na aula. “Se o aluno falta mais de cinco dias consecutivos sem justificativa, acionamos a família para saber o que houve. Caso a família não resolva, contamos com a parceria dos conselhos tutelares e do Ministério Público”, aponta o secretário. Para a gerente de Ensino Fundamental da Prefeitura de Vitória, Maria da Conceição Duarte Peixoto, também é necessário oferecer, por exemplo, merenda e material didático, para garantir a permanência do aluno.

Realidade – Participantes do seminário “Profissão Professor – O resgate da pedagogia”, realizado em Recife (PE), têm uma opinião comum: o ensino público enfrenta problemas sérios. Crianças desmotivadas em casa e na sala de aula, professores mal pagos e más condições de trabalho dão a tônica da escola pública brasileira. Para superar esse problema, o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Nuno Castro, acredita que o professor deva trabalhar a motivação aliada a disciplina. Não adianta pressionar o aluno sem motivação porque ele acaba desistindo de aprender. “Mas se não houver disciplina tudo corre muito solto e não se aprende nada”, destacou. Os participantes acreditam que as aulas devem ser guiadas pela curiosidade dos alunos. Assim as crianças se tornarão mais críticas, opinativas e investigativas.

[A Gazeta (ES), Folha de Pernambuco (PE) – 31/08/2009]