RJ: Educação para salvar a vida de adolescente
Jovens entre doze e 18 anos são mais suscetíveis à evasão escolar e como consequência correm mais risco de serem assassinados
Dados do estudo divulgado em julho pelo Programa de Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens (PRVL) mostram que o número de adolescentes mortos pode chegar a 3.423, em 2012.
O coordenador no estado do Rio de Janeiro do estudo do PRVL, Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), ressalta que é fundamental melhorar a qualidade da educação, sobretudo no ensino médio e ter programas de retenção dos alunos na escola. “Mas, a curto prazo, é preciso mudar o foco da política de segurança do estado para a valorização da vida”, diz.
Com base em dados do Ministério da Saúde, o estudo calculou o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) e constatou que é entre os doze e os 18 anos que os garotos estão mais suscetíveis a assassinatos. Para o movimento Rio Como Vamos (RCV) investir na educação e manter os estudantes na escola é a melhor forma de evitar que a projeção seja atingida. A presidente executiva do RCV, Rosiska Darcy, sugeriu à Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, da qual é membro, a inclusão de ações para reter os alunos na escola como medida de prevenção da morte violenta. A pesquisadora integrante do Observatório de Favelas, Raquel Willadino, concorda com a importância da educação nas políticas públicas para manter o adolescente longe do tráfico e conter a mortalidade. Para a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, a educação é a única alternativa para essas crianças.
Evasão – Diagnóstico da rede de ensino feito este ano pela Secretaria municipal de Educação do Rio de Janeiro constatou que o índice geral de abandono do ensino fundamental é menor que 3%. Mas, em um grupo de 150 escolas localizadas em áreas de risco, onde estudam quase 20% dos 553,4 mil alunos da rede, a taxa pula para 5,06%. Para a presidente do RCV, Rosiska Darcy, há ainda outros motivos para explicar os altos índices de evasão escolar: a má qualidade do ensino e a falta de vagas próximas às residências contribuem para desestimular os adolescentes.
Em áreas consideradas críticas, a secretaria desenvolveu o programa Escolas do Amanhã, para reverter este quadro. Profissionais foram capacitados para trabalhar os bloqueios causados nas crianças pela violência e desenvolver atividades que aumentem o interesse nas aulas, assim como levar de volta alunos que deixaram a escola.
Outro problema da rede pública que reflete no índice de evasão é a distorção idade-série que chega a dois anos ou mais de atraso. Para corrigir esse atraso, o município tem programas de reforço e realfabetização. A Secretaria Estadual de Educação reconheceu que faltam vagas para o ensino médio em sua rede, principalmente no turno diurno, como acontece próximo ao Morro da Fé, e afirmou que existem oito programas em prática para evitar a evasão.
[O Globo (RJ) – 29/08/2009]